Órgãos da Justiça do Brasil e da Itália se uniram nesta terça-feira (13) na Operação Arancia, para apurar crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro realizados por um grupo mafioso italiano no país. A operação continua hoje, quarta-feira (14) e foi ampliada.
Participaram da ação o MPF (Ministério Público Federal) e a Procuradoria de Palermo (ITA), em conjunto com a PF (Polícia Federal) e a polícia italiana. A operação ocorreu no âmbito de ECI (Equipe Conjunta de Investigação), em conformidade com a Convenção de Palermo, que é o principal instrumento global de combate ao crime organizado.
Segundo o MPF, a operação resultou na execução de um mandado de prisão preventiva de um suspeito em Natal (RN) e cinco mandados de busca e apreensão em três estados brasileiros: Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Piauí.
Simultaneamente, a Direção Distrital Antimáfia de Palermo coordenou 21 buscas em várias regiões da Itália e na Suíça. Mais de cem agentes financeiros italianos foram mobilizados, alguns deles no Brasil, auxiliando o cumprimento dos mandados em Natal.
"As evidências coletadas até o momento indicam que a Máfia italiana utilizou empresas fantasmas e laranjas para facilitar a movimentação e a ocultação de fundos ilícitos, provenientes de atividades criminosas internacionais. Estima-se que o esquema tenha investido não menos que R$ 300 milhões no Brasil, utilizando esses recursos para adquirir propriedades e infiltrar-se no mercado imobiliário e financeiro brasileiro. Segundo as autoridades italianas, entretanto, o valor total dos ativos investidos pode superar 500 milhões de euros, em valores atuais, mais de R$ 3 bilhões", informou a Procuradoria.
Em nota, a Procuradoria de Palermo comemorou a execução conjunta da operação. A procuradora Federica La Chioma ressaltou que o sucesso da operação demonstra a maturidade alcançada, mais de vinte anos após a assinatura da Convenção de Palermo, na investigação "de formas insidiosas e violentas de contaminação da economia legal, capazes de se espalhar, também graças à utilização de modernas tecnologias de comunicação cifrada, para além das fronteiras territoriais dos Estados".
Anamara Osório, secretária de Cooperação Internacional do MPF, afirma que, antes da operação, foram realizadas diversas reuniões entre os integrantes da ECI.
"A bem-sucedida operação realizada é fruto de intenso trabalho realizado pelo MPF, em coordenação com as autoridades italianas competentes, na condução da Equipe Conjunta de Investigação, que se revela um dos mais importantes e atuais instrumentos de cooperação jurídica internacional para combater crimes transnacionais complexos, como estes apurados nas atividades hoje conduzidas", destacou.
Fonte(s): Jcnet
Comentários