Hoje 74% dos brasileiros se sentem seguros para realizar transações financeiras online, o mesmo percentual entre os colombianos. Já no México este índice é maior, de 85%. Mas entre os três países latinos, o Brasil é onde menos correntistas estiveram em uma agência bancária no último mês: 26%, contra 42% da Colômbia e 43% do México.
Estes são alguns dos resultados do estudo "A nova relação com o dinheiro", realizado pelo instituto Ipsos a pedido do Nubank, para entender como a digitalização transforma a maneira como as pessoas se relacionam com o dinheiro e os serviços financeiros. O estudo foi apresentado na manhã desta terça-feira (22) na sede do banco digital, em São Paulo.
A pesquisa online contou com 1.800 participantes do Brasil, Colômbia e México (países onde o banco atua). Foram entrevistados homens e mulheres de 18 anos ou mais das classes média e alta, que possuem serviços financeiros em geral, como conta corrente, poupança, cartão de crédito ou empréstimos. O estudo foi feito entre 20 e 30 de setembro e tem margem de erro de 4 pontos percentuais.
No Brasil, 4% dos entrevistados são da classe A, 30% da classe B e 66% da classe C. Do total no país, 48% são homens e 52% são mulheres. A maior fatia (34%) pertence à faixa etária de 18 a 34 anos, 21% de 35 a 44 anos, 17% de 45 a 54 anos e 28% a partir de 55 anos.
Atualmente 66% dos brasileiros fazem pagamentos pelos aplicativos da conta digital e 33% pelo internet banking. Aqueles que visitam agências para pagar boleto somam apenas 10%. Dos entrevistados, 8% pagam contas pelo telefone e 7% pelo caixa eletrônico.
Também para consultar saldo e extratos os meios preferidos são os aplicativos (66%) e o internet banking (35%). Só 10% usam o caixa eletrônico, 9% visitam uma agência bancária para este fim e 7% fazem as consultas por telefone.
Um quarto da geração z não sabe o que é depositar dinheiro no caixa
A pesquisa entrevistou consumidores da geração Z (que têm entre 14 e 25 anos), millennials (26 a 40 anos), geração X (41 a 60) e baby boomers (61 ou mais). No caso da geração Z, o estudo se concentrou apenas em maiores de 18 anos.
No Brasil, 26% dos jovens da geração Z nunca fizeram um depósito no caixa eletrônico. Outros 16% jamais tiveram a experiência de ficar na fila do caixa de uma agência bancária e 14% não sabem o que é realizar um saque em cédulas.
Já entre a geração X, 24% nunca usaram um cartão de crédito virtual e 23% desconhecem como funciona uma carteira virtual. Entre os baby boomers, a carteira virtual é algo inusitado para 48% e, o cartão de crédito virtual, para 47%.
"Me colocaram como geração X, mas eu me sinto millenial", brincou Lívia Chanes, 43, presidente do Nubank Brasil, que na apresentação exibiu imagens de longas filas de banco e retirada de bastante dinheiro em caixa para dizer que este era o normal da sua infância.
"Hoje os aplicativos [de banco] e o internet banking representam o principal ponto de contato das pessoas com o seu dinheiro", afirmou, destacando que, no Brasil, nos últimos seis meses, 38% dos entrevistados não foram a uma agência bancária.
30% buscam educação financeira nas redes sociais; 21% com amigos ou gerente
A pesquisa Ipsos questionou sobre onde o público busca informações sobre educação financeira. No Brasil, 39% responderam no próprio site ou aplicativo dos bancos.
As redes sociais são a opção de 30%, uma fatia próxima dos que procuram nos sites especializados (29%). Os sites de notícias são a fonte de 25%, enquanto 21% se informam com amigos ou com o gerente do banco.
No Brasil, 24% dos clientes do Nubank acima dos 18 anos têm "caixinhas" -como o banco chama as reservas de dinheiro para objetivos específicos. Já entre os que têm menos de 18 anos e somam 3 milhões de clientes, 27% mantêm economias. As reservas mais comuns são para "emergências" e "sonho de consumo".
Dos 105 milhões de clientes do Nubank, 95,5 milhões estão no Brasil, segundo números de junho deste ano, um aumento de 20% em relação a junho de 2023. No país, 66% dos clientes gostariam que o seu banco fizesse recomendações sobre investimentos, de acordo com a pesquisa Ipsos -um percentual abaixo do observado na Colômbia (73%) e no México (75%).
'Ir à agência fechar conta foi uma experiência ruim', diz jovem de 19 anos
No evento, o Nubank apresentou entrevistas gravadas com alguns dos seus clientes, para mostrar o quanto o acesso a crédito via meios digitais pode ser decisivo para a inclusão financeira e a boa experiência de consumo.
No México, a gerente de produto Mayte Guerrero, de 28 anos (geração millenial), diz que, quando começou a querer um cartão de crédito, nenhum banco a atendeu porque solicitava "histórico de crédito". "Mas como eles esperavam que eu tivesse um histórico de crédito se não me deixam começar?", questionou.
No Brasil, a aposentada Elza Moraes, 82 (baby boomer), lembrou sem saudades das longas filas nas agências. "A fila começava lá no caixa e a gente estava para fora da porta do banco, na rua."
Já o estudante brasileiro Lucio Gomes, 19 (geração Z), diz que não consegue se ver no "sistema antigo" dos pais, indo presencialmente ao banco. "O jeito que eu lido com o dinheiro é totalmente virtual", afirmou. "Só fui uma vez ao banco para fechar uma conta. E foi uma experiência muito ruim."
A dentista colombiana Mónica González, 48 (geração X), diz que passou por uma crise devido à vida financeira desorganizada. "Cheguei a um ponto que não conseguia mais acompanhar, por causa da minha ignorância de não saber como gastar e o que eu precisava pagar", afirmou. Com o Nubank, disse, aprendeu a usar o cartão de crédito.
Fonte(s): Jcnet
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