Samuel de Jesus Santos, 42 anos, foi condenado a 40 anos, quatro meses e dois dias de reclusão em regime fechado pelo Tribunal do Júri, em Bauru. Cabe recurso. A ação que levou o homem à prisão foi o assassinato de sua esposa Graziele Dameto Santos de Jesus, 36 anos. Ele matou a mulher com 25 facadas em frente ao filho do casal, que tinha apenas 10 na data do crime. O caso aconteceu no bairro Pousada da Esperança, no dia 27 de fevereiro de 2023. A sentença foi publicada na última quinta-feira (26).
Na decisão, a juíza Érica Marcelina Cruz, da 1ª Vara Criminal de Bauru, destaca a brutalidade do ataque à vítima. “O laudo necroscópico apontou que a vítima sofreu ‘múltiplos ferimentos perfuro-incisos anteriores e posteriores’, o que demonstra ‘gravidade, multiplicidade e repetitividade das lesões’. Tanto que o médico legista respondeu, afirmativamente, quanto ao meio cruel empregado pelo agente”, ressalta a magistrada.
A juíza elenca como agravantes o fato de o réu ter cometido o crime na casa da vítima, na presença de descendente (filho), por motivo fútil e dificultando a defesa. Esses fatores aumentaram a pena de Samuel. Ele confessou o crime ainda em 2023. Samuel está preso desde então.
A sentença também fala do histórico de violência do homem. “A personalidade do agente não pode ser simplesmente ignorada. Isto porque já havia medida protetiva concedida anteriormente em favor da vítima, tanto que é dos autos que ele a perseguia e não aceitava o término do relacionamento [...] o fato de que o réu era um companheiro possessivo e que, inclusive, abusava da ofendida. Além do que, não se pode olvidar, que o réu atuou de forma dissimulada, na medida em que, logo após matar a vítima com diversos golpes de arma branca, chegou a dizer para a sobrinha da ofendida: ‘Sua tia está lá, te esperando no banheiro’”, diz.
Relembre o caso
De acordo com o relato do filho da vítima, na madrugada do dia 27 de fevereiro de 2023, o homem pegou a mulher pelo braço e a levou até o banheiro, saiu, pegou uma faca e voltou ao cômodo. A criança tentou entrar no cômodo, mas o réu não deixou e chegou a fechar a porta no dedo do menino.
“Perguntei o que ele estava fazendo, mas ele não respondeu. Aí minha mãe dizia: ‘Para, para, perdoa’. Aí eu só vi meu pai dando facada na minha mãe. Aí eu peguei uma faca porque pensei que meu pai ia me matar, tentei dar uma facada nele também, mas ele segurou a minha mão. Aí eu entrei no banheiro e vi minha mãe naquele estado, comecei a chorar, minha perna ficou bamba, nessa hora ajoelhei nos braços dela, disse que eu a amava e ela disse que me amava também”, diz o relato.
Segundo o Boletim de Ocorrência (BO) registrado na ocasião, o suspeito fugiu após o crime. O corpo dela foi encontrado por uma sobrinha, que chegou no endereço pouco depois do crime. A familiar, inclusive, teria cruzado com Samuel enquanto ele deixava o imóvel.
Durante o velório de Graziele, familiares contaram ao JC que ela era vítima de violência doméstica e tinha solicitado medida protetiva contra o marido, com quem era casada há pelo menos 14 anos e tinha dois filhos, de 14 e 10 anos. No entanto, ela reatou o relacionamento cerca de duas semanas antes do crime.
"Ela estava tentando terminar [o casamento], mas ele estava forçando [para voltar]", conta João Aparecido dos Santos, irmão mais velho de Graziela, que é a mais nova de cinco filhos. "Ela era trabalhadora. Levantava cedo para trabalhar como ajudante de cozinha e à noite fazia bicos para poder cuidar dos filhos. Ela tinha cara de brava, mas só enganava, porque ela era divertida e extrovertida. Eu vou sentir muita saudade", complementou, bastante emocionado.
Fonte(s): Jcnet
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