Em férias na Flórida (EUA), a arquiteta Fernanda Ruiz Cacere e o médico Rodrigo Fernandes Cacere, ambos bauruenses com 31 anos, estão vivenciando de perto o clima de apreensão dos moradores do estado diante da aproximação do Furacão Milton. O fenômeno chegou a ser listado na categoria 5, a mais alta da escala de ventos de furacões Saffir-Simpson, sendo depois rebaixado para 3, ainda com alto poder de destruição e ocorrência de tempestades, inundações e tornados.
O JC conversou com o casal bauruense por telefone no final da tarde desta quarta-feira, horas antes do período previsto para a chegada do fenômeno. Fernanda e Rodrigo desembarcaram há poucos dias em Celebration em férias com a família dele para visitar os parques da Disney e Universal, mas precisaram reorganizar os planos porque as instalações foram fechadas nesta quarta.
Na região de Orlando, onde os dois estão, aulas e operações nos aeroportos também foram suspensas. Em algumas áreas, como a Baía de Tampa, na costa Oeste da Flórida, o governo orientou moradores a deixarem suas casas. O casal também viu muitas filas em postos de combustíveis e pessoas instalando tapumes nas janelas de suas residências na tentativa de evitar que a força dos ventos quebrem os vidros.
"A região onde estamos é suscetível a tornados e inundações, mas não é uma área de evacuação. Da janela, conseguimos ver a rodovia cheia de veículos, porque a expectativa é de que seja a pior tempestade em 100 anos aqui. Nas áreas de evacuação, as autoridades deixaram claro que quem não sair vai morrer e deve escrever o nome com caneta permanente no braço para facilitar a identificação do corpo", detalha Rodrigo.
'Bunkers'
Os bauruenses foram orientados a comprar mantimentos para três dias e, no hotel onde estão hospedados, alertados para ficarem longe das janelas e envolvidos em cobertores para se protegerem de eventuais estilhaços de vidro. Foram informados, ainda, de que seriam chamados, se necessário, para se abrigarem em bunkers localizados no subsolo.
"Já tínhamos ido ao mercado antes, mas voltamos na terça para comprar mais algumas coisas e estava um caos, sem pão, água, papel higiênico. Na quarta, já estava fechado", revela Fernanda. O casal também ficou surpreso com o alto grau de organização da prefeitura local frente a um evento potencialmente catastrófico.
Como exemplos, cita a disponibilização de escolas públicas para abrigar moradores de áreas de risco e estacionamentos públicos elevados para proteger veículos de inundações, bem como isenção do pagamento de pedágio nas estradas. "Eles também estão limpando bueiros e doando sacos de areia para colocar na porta e evitar a entrada de água nas casas", acrescenta Rodrigo.
Segundo o médico, a previsão era de que o furacão chegasse ao Oeste da Flórida entre 21h e 23h (horário de Brasília), com efeitos mais intensos na região de Orlando entre 2h e 3h da madrugada desta quinta. A expectativa é de que as atividades voltem à normalidade na sexta-feira, quando Fernanda, Rodrigo e a família dele poderão passar os últimos dias de férias com maior tranquilidade, até o retorno ao Brasil, na noite de terça-feira.
Imagem do furacão Milton a partir de uma estação espacial (crédito: Matthew Dominick/Nasa)
Fonte(s): Jcnet
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