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Israel começa invasão terrestre contra o Hezbollah no Líbano

Exército de Israel iniciou um ataque terrestre contra o rival no sul do Líbano
Israel começa invasão terrestre contra o Hezbollah no Líbano

Após duas semanas de ataques aéreos que dizimaram a cúpula do grupo fundamentalista libanês Hezbollah, o Exército de Israel iniciou um ataque terrestre contra o rival no sul do Líbano. É a primeira vez que isso acontece desde 2006.

Segundo as IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla inglesa), as incursões são "limitadas e localizadas" contra alvos específicos ao longo da fronteira.

Desde o dia 18 de setembro, quando estabeleceu o retorno dos 60 mil refugiados israelense ao norte do país, Tel Aviv vinha atacando o Hezbolla com sua Operação Flechas do Norte -o primeiro desdobramento da Espadas de Ferro, ação contra o Hamas palestino.

 

"A operação vai ocorrer de acordo com a avaliação situacional e em paralelo ao combate em Gaza e em outras arenas", disseram as IDF.

A operação terrestre já tinha ações precursoras em curso, como relatou a Folha de S.Paulo no domingo (29) e o Departamento de Estado dos EUA confirmou nesta segunda (30), parecendo inevitável. No fim da noite (tarde no Brasil), três áreas no norte israelense foram declaradas zonas militares fechadas.

Mas o escopo de tal ação, que como a reportagem adiantou já estava em preparação na semana passada, não é certo, e muito da tensão na região depende disso. Segundo a mídia americana, o governo de Joe Biden foi informado da intenção de Israel de fazer um pente-fino na região sul do Líbano.

Questionado por repórteres, o presidente americano disse "saber mais do que vocês imaginam" sobre o tema e voltou a pedir um cessar-fogo.

Após duas semanas de intensos ataques ao rival, uma nova fase da guerra em que Israel matou ninguém menos do que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, a questão da invasão estava na ordem do dia.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, visitou o Comando Norte de suas forças e voltou a dizer a soldados que sua "capacidade será necessária". Segundo as IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla inglesa), os planos para "uma nova fase da guerra" para os próximos dias foram revisados e aprovados.

 

Segundo o jornal The New York Times, Biden convenceu o premiê Binyamin Netanyahu a ser frugal em sua ação terrestre, não chegando perto da última guerra com o Hezbollah, em 2006.

Por ora sem um novo secretário-geral, o Hezbollah não mordeu a isca. Disse que está preparado para uma invasão de Israel a qualquer momento, apesar de estar na pior forma militar desde o conflito que terminou num empate há 18 anos.

Uma pessoa com conhecimento dos planos das IDF havia avaliado corretamente à reportagem que o mais provável é a entrada de soldados em unidades pequenas, dado o estrago que duas semanas de intensos ataques aéreos já provocaram ao Hezbollah. Mas ela não descarta que Netanyahu tenha algo mais em mente.

O foco do primeiro-ministro é o Irã. Uma ação mais robusta no Sul demonstraria o comprometimento de Tel Aviv com sua promessa de atacar todos os inimigos no Oriente Médio. Nesta segunda, Netanyahu inclusive publicou um vídeo no qual insta os moradores do Irã a se revoltarem contra a teocracia que, em suas palavras, "está levando vocês ao abismo".

Foi um morde-e-assopra típico do político, que já havia ido nessa linha em seu discurso na sexta (27) na Assembleia-Geral da ONU -só para assassinar Nasrallah poucos minutos depois.

Seja como for, com ou sem o clichê das botas no terreno, Israel continuou sua campanha no Líbano diversificando o cardápio de alvos.

Nesta segunda, matou Fatah Sharif Abu al-Amine, líder do Hamas que comandava as ações e a interação da organização palestina com o parceiro libanês. Ele morreu em um ataque aéreo contra o campo de refugiados palestinos El-Buss, perto de Tiro, no sul do país.

Daqui a uma semana será lembrado o início da atual guerra no Oriente Médio, disparada pelo ataque do Hamas que deixou 1.200 mortos e fez 251 reféns em Israel.

De lá para cá, a violência se multiplicou. O governo Netanyahu não conseguiu destruir o Hamas e soltar os talvez 64 cativos ainda vivos, mas degradou o grupo a um nível de insurgência.

 

"É verdade, mas como temos uma guerra nova na fronteira norte, as pessoas não olham tanto para o que ocorre aqui", disse um porta-voz das IDF no sul de Israel, Daniel Baruch. Durante uma visita de jornalistas à região, da qual a Folha de S.Paulo foi integrante, o barulho de drones, caças, tiros de obuseiros e grandes explosões em Gaza foi uma constante.

Em Kfar Aza, um kibutz barbarizado pelo Hamas há um ano, plumas de fumaça eram visíveis a partir da cerca do local, que fica a 1 km da Faixa de Gaza. O custo dessa operação, nas contas palestinas, foram 41,5 mil mortos -o Hamas não diz quantos eram combatentes, metade do contingente segundo Israel.

O Hezbollah entrou na luta de forma parcial, elencando o grau de atrito no norte do país. Há duas semanas, tudo mudou: Israel decretou que não toleraria mais a exclusão de moradores da região.

 

Passou a atacar o Hezbollah com intensidade não vista desde a guerra entre os rivais em 2006. Do ataque com pagers e walkie-talkies, escalou para bombardeios e, enfim, matou Nasrallah.

Também nesta segunda, aviões israelenses alvejaram o centro de Beirute, um ponto que não era atacado desde o conflito de 2006. Segundo a Frente Popular de Libertação da Palestina, grupo famoso por seus sequestros de avião no passado, três de seus líderes no exílio morreram no ataque.

O acerto de contas regional de Netanyahu segue, elevando a expectativa acerca da reação do Irã, o verdadeiro poder por trás da miríade de grupos anti-Israel, muitos com agendas divergentes.

 

Até aqui, como no episódio em que foi morto o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, a teocracia adota retórica dura, mas na prática tem sido cautelosa.

Concorre para isso a agressividade de Israel e a dissuasão que os EUA, aliados de Tel Aviv, promovem com a presença militar reforçada no Oriente Médio. Não por acaso, os EUA anunciaram o envio de mais soldados para a região.

Na véspera, Israel havia dado outro sinal ao atacar o porto iemenita de Hodeidah, controlado pelos rebeldes houthis, também apoiados pelo Irã. Eles haviam lançado mísseis balísticos contra Tel Aviv, a 2.000 km de suas bases.

 

Não houve estragos, mas Israel decidiu mandar um sinal acerca de suas capacidades de longa distância, promovendo a incursão aérea a 1.800 km de casa. Nesta terça, o comando dos rebeldes disse que a ação israelense irá os obrigar a aumentar suas ações, que já travam parte do comércio no mar Vermelho.

Fonte(s): Jcnet

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