Pablo Marçal (PRTB), um dos três candidatos que lideram a disputa pela Prefeitura de São Paulo, recebeu R$ 150 mil em doações de pessoas físicas para sua campanha sem a identificação da origem do recurso. O valor é maior que a soma de repasses sem origem recebida por todos os candidatos que concorrem a cargos no Brasil nestas eleições.
Levantamento feito pela Folha com dados da Justiça Eleitoral atualizados até sexta-feira (6) indica 1.884 doações sem origem divulgada a todos os candidatos, com valor somado de R$ 265 mil. Destas, apenas 68 foram feitas para outros candidatos além de Pablo Marçal.
Não há registros do tipo na prestação de contas de outros candidatos de São Paulo.
Segundo a lei eleitoral, os candidatos só podem receber doações individuais de pessoas físicas, não de empresas. A prestação de contas deve informar os nomes e números de CPF de todos os doadores, com os respectivos valores doados. O prazo final para a declaração parcial vence na próxima sexta-feira (13), então as informações ainda podem ser corrigidas.
A assessoria de Marçal informou, por meio de nota, que os recursos de origem não identificada serão recolhidos por meio do Guia de Recolhimento da União (GRU) ao Tesouro Nacional. "Eventualmente, os recursos advindos de pessoas jurídicas serão regularmente devolvidos para a mesma conta que fez a doação", diz o texto.
Sem recursos públicos provenientes do fundo eleitoral ou fundo partidário, Marçal usa as doações de pessoas físicas como principal fonte de financiamento para a campanha.
O candidato faz postagens nas redes sociais com sua chave Pix para pedir verba aos eleitores. Até o momento, recebeu R$ 1,9 milhão proveniente de 32 mil doações individuais.
Destas, 29 mil foram feitas por CPFs únicos e 1.816 não têm identificação.
A soma dos recursos não identificados supera os valores individuais das duas maiores doações recebidas por Marçal, feitas pelo bilionário Helio Seibel e pelo empresário Helvio Paulo Ferro Filho, de R$ 100 mil cada.
Helio e o irmão Salo dividem o controle do Grupo Ligna, que tem participação acionária em empresas como Leo Madeiras e Klabin. Eles também são grandes acionistas da Dexco (Deca e Duratex), onde Helio é vice-presidente do conselho de administração.
Seibel doou mais de R$ 1,3 milhão para candidatos em 2022, com quantias expressivas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Conforme revelado pela Folha, uma beneficiária de programa de moradia social também aparece no topo das doações feitas a Marçal, com o valor de R$ 25 mil. Há ainda um doador de R$ 25 mil que recebeu auxílio emergencial durante a pandemia.
A maioria das doações (87%), no entanto, é composta por transações de valores abaixo de R$ 100. Há, inclusive, muitas doações de centavos.
Nas eleições de 2022, Marçal foi pré-candidato à Presidência da República e candidato a deputado federal pelo Pros, mas teve o registro indeferido pela Justiça Eleitoral. O influenciador foi alvo de uma operação da Polícia Federal, em julho do ano passado, sob suspeita de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e apropriação indébita naquela campanha.
Segundo a apuração da PF, Marçal e um sócio fizeram doações à campanha e parte desses valores foi remetida às próprias empresas das quais são sócios por meio do aluguel de veículos e aeronaves.
Marçal afirma que não praticou ilícito e que a campanha não foi paga com dinheiro público, mas com doações e recursos próprios.
Fonte(s): Jcnet
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