O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), fez evento de campanha na manhã deste domingo (8) com discurso voltado a combater o avanço o influenciador Pablo Marçal (PRTB) entre a população da periferia.
Sem citar diretamente o adversário, Nunes se referiu a Marçal como "lunático", "marginal" e que a cidade não é videogame.
O ato aconteceu no bairro de Campo Grande, extremo sul de São Paulo, durante lançamento de campanha do candidato a vereador Silvinho (União Brasil), apoiado pelo presidente da Câmara, Milton Leite, também do União Brasil.
"Isso não é um jogo de videogame, isso não é para esses malucos que ficam falando besteira sem conhecer a nossa realidade" , disse Nunes.
"[Não é pra gente] que vem com proposta de fazer prédio de um quilômetro de altura, esse lunático desse marginal, isso não muda nada para vida de ninguém, mas são coisas que na internet chamam a atenção dos jovens", completou.
Nas redes sociais, é possível ver diversos cortes diferentes de Marçal voltados à população periférica, com trilha sonora de funk e acessórios usados pelos mais jovens. Ele ainda adota um discurso da prosperidade, que também atrai esse público.
No discurso, Nunes criticou "a lacração" e exaltou diversas vezes ter vindo da periferia. Na ocasião, se contrapôs a Marçal, citando ser diferente de quem mora Alphaville, bairro rico de Santana de Parnaíba (Grande SP). O prefeito ressalta com frequência ter vindo do Parque Santo Antonio, bairro periférico da zona sul.
O tom do discurso faz parte de uma estratégia da campanha, que vê a periferia como um trunfo que pode fazer diferença a Nunes em relação aos concorrentes, ainda mais em um cenário de triplo empate técnico.
Segundo Datafolha, ele registra 28% das intenções de voto entre os paulistanos que recebem até 2 salários mínimos. Na mesma faixa de renda, Guilherme Boulos (PSOL) tem 19%, seguido Marçal, com 17%. No geral, estão empatados tecnicamente Boulos, com 23%, o influenciador, com 22%, e o prefeito, também com 22%.
Marçal se tornou mais conhecido em um período em que entrou no alvo central dos ataques de adversários, inclusive na propaganda eleitoral. Ao mesmo tempo, sua rejeição oscilou quatro pontos para cima e atingiu 38%, a maior numericamente entre todos os candidatos, indicando um obstáculo crescente à campanha do influenciador.
Nunes e Marçal disputam o voto da direita e ambos foram à avenida Paulista, em evento de 7 de Setembro, que protestou contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Enquanto Nunes se manteve discreto no carro de som com Bolsonaro, Marçal chegou ao final, foi ovacionado pelo público e proibido de subir no veículo.
No evento da zona sul, Nunes estava ao lado de Milton Leite e seu filho, o deputado estadual Milton Leite Filho (União Brasil), que têm forte base na periferia e entre a população de baixa renda. Se no evento da Paulista a ideia era sinalizar à direita, no ato deste domingo o discurso era focado na área social.
Leite, após sinalizar na pré-campanha que poderia desembarcar da candidatura de Nunes, se entendeu com o aliado novamente e disse no evento que a "quebrada vai ter voz" com o atual prefeito.
Já seu filho citou indiretamente o autodenominado ex-coach. "Eu vejo um monte de gente: 'ah porque eu vi aquele fulano no celular'. Você consegue encontrar ele em algum lugar, tirando o celular?", questionou, lembrando obras feitas na periferia da cidade que beneficiaram a população.
As falas da família que controla o União Brasil no estado acontecem em momento que até candidatos do partido declararam apoio ou flertam com Marçal. O vereador Rubinho Nunes é o caso mais notório. Em resposta, Leite disse que ele "será retirado da propaganda eleitoral do partido no rádio e na televisão e não terá mais acesso aos recursos do fundo eleitoral".
O evento aconteceu em uma casa de shows com objetivo impulsionar a candidatura de um dos dois substitutos de Leite na Câmara Municipal. O influente líder do União Brasil garante que vai se aposentar e pretende transferir seus mais de 300 mil votos para dois herdeiros políticos.
Silvio Ricardo Pereira dos Santos, o Silvinho, era o chefe de gabinete da Subprefeitura de M'Boi Mirim, região onde o patriarca dos Leite nasceu, cresceu e fincou sua base política. Já Silvio Antonio Azevedo, o Silvão, era o chefe de gabinete de Leite na Câmara Municipal e presidente da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio, do Grajaú (zona sul), da qual o patrão é presidente de honra.
Fonte(s): Jcnet
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