Para a maior parte dos eleitores de São Paulo, o apoio de Lula (PT) a Guilherme Boulos (PSOL) e o de Jair Bolsonaro (PL) a Ricardo Nunes (MDB) não faz diferença. Pensam assim 3 de cada 5 entrevistados na pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (17).
O levantamento mostrou o prefeito com 51% das intenções de voto ante 33% do deputado. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos. Tanto Boulos quanto Nunes têm agendas marcadas com seus respectivos padrinhos nos próximos dias.
Para uma maioria de 61%, o apoio de Lula a Boulos não faz diferença. O restante se divide entre 21% para quem o endosso do presidente aumenta a chance de votar no candidato do PSOL e 17% que consideram que diminui.
Para 58% dos entrevistados, o apoio de Bolsonaro não faz diferença. Os demais se dividem entre 21% que afirmam que esse apoio diminui as chances de voto no prefeito e 20% que respondem que aumenta.
A parcela que acredita que o apoio de Lula aumenta a chance de voto em Boulos é maior entre quem tem ensino fundamental (34%), quem recebe até dois salários mínimos (25%), pardos (24%) e quem votou no petista em 2022 (38%).
Por outro lado, a porcentagem de quem diz que o apoio atrapalha Boulos chega a 30% entre quem votou em Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno, a 30% entre quem votou em Bolsonaro em 2022 e a 22% entre evangélicos.
A parcela de quem diz que aumentam as chances de votar em Nunes por causa de Bolsonaro sobe para 23% entre quem tem mais de 45 anos, 27% entre evangélicos, 41% entre quem votou em Bolsonaro em 2022 e 40% entre quem votou em Marçal.
Já a porcentagem de quem diz que o apoio de Bolsonaro prejudica o voto no prefeito vai a 23% entre mulheres, 30% entre quem tem ensino superior, 40% entre quem votou em Lula em 2022 e 40% entre quem votou em Tabata Amaral (PSB) no primeiro turno.
O Datafolha entrevistou 1.204 eleitores paulistanos de terça (15) a esta quinta-feira. Encomendado pela Folha, o levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-05561/2024. O nível de confiança é de 95%. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.
O resultado da pesquisa fragiliza a ideia de uma eleição nacionalizada -estratégia que opôs Boulos e Nunes desde o princípio.
A campanha do PSOL buscou reproduzir na capital a polarização da eleição de 2022, tentando repetir a vitória da esquerda sobre a direita em São Paulo naquele ano. Já a campanha de Nunes quis evitar essa lógica e tem apostado que os temas da cidade prevalecem na escolha do voto em uma eleição municipal.
Como mostrou a Folha, a expectativa de uma eleição marcada pela polarização nacional acabou em parte frustrada no primeiro turno por causa da ausência dos padrinhos nas respectivas campanhas e da competitividade de Marçal, que chegou à véspera da eleição empatado com Nunes e Boulos.
Neste sábado (19), Lula fará agendas de campanha com Boulos, que tem tido dificuldade em se beneficiar da migração de votos de petistas e lulistas.
Estão previstas duas caminhadas na periferia em uma estratégia de minorar as dificuldades de Boulos no público de baixa renda --o candidato do PSOL venceu nos extremos da cidade no primeiro turno, mas a maior parte da periferia da zona sul foi conquistada por Nunes e da zona leste, por Marçal.
Lula vai concentrar suas agendas com Boulos nessas regiões. Está marcada uma caminhada pela manhã no Grajaú (zona sul) e, à tarde, em São Mateus (zona leste).
No primeiro turno, Lula teve apenas três atos públicos com Boulos, um deles na véspera da votação. Aliados lembram que a agenda presidencial é a prioridade do petista e que nem sempre é possível conciliá-la com outras atividades.
A crise do apagão em São Paulo, vista pela campanha do PSOL como uma oportunidade para tentar virar o jogo, acabou também respingando no governo Lula, já que a concessão da Enel é federal, como Nunes tem ressaltado.
O prefeito, assim como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu aliado, subiram o tom contra Lula, cobrando a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o Ministério de Minas e Energia para que busquem a extinção do contrato com a Enel.
Para integrantes da campanha do MDB, a crise elétrica atinge tanto Nunes quanto Boulos.
Como mostrou a Folha, a campanha de Nunes está dividida entre quem considera que Bolsonaro traz benefício e quem afirma que o ex-presidente não ajudou em nada, pelo contrário.
A rejeição a um candidato de Bolsonaro na cidade é um dos caminhos usados por Boulos para tentar desgastar o prefeito.
Principalmente neste segundo turno, a participação do ex-presidente é tida como menos relevante, dado que Nunes abocanha naturalmente os votos que eram de Marçal no primeiro turno e que foram de Bolsonaro em 2022.
De qualquer forma, está marcada uma agenda de Bolsonaro com Nunes para terça-feira (22), enquanto a participação do ex-presidente antes disso se restringiu à presença na convenção eleitoral, em agosto, e à indicação do vice na chapa, o policial militar bolsonarista Ricardo Mello Araújo (PL).
Apesar de ter declarado apoio a Nunes, Bolsonaro chegou a fazer elogios a Marçal e, mesmo antes do fim da votação dia do primeiro turno, anunciou que apoiaria o influenciador contra Boulos. O ex-presidente ainda disse que o prefeito não era o candidato dos sonhos e indicou que as pessoas deveriam votar nele, mas de olhos tapados.
Os bolsonaristas migraram em massa para Marçal, o que ameaçou a ida de Nunes para o segundo turno. O eleitorado conservador viu no influenciador, e não no emedebista Nunes, a representação de valores importantes para esse grupo.
Bolsonaro pouco fez para estancar o crescimento de Marçal entre os conservadores. Foi o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que assumiu esse papel e se tornou o principal cabo eleitoral de Nunes.
Fonte(s): Jcnet
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