Pirajuí Rádio Clube FM

Pirajuí Rádio Clube: Um patrimônio histórico da cidade

 

Uma emissora que ao completar 78 anos de fundação, em janeiro de 2025, se transformou em um marco para o município de Pirajuí; um verdadeiro patrimônio histórico local.

A Rádio Pirajuí – como era conhecida no início - foi autorizada a funcionar em 1946 e a concessão foi dada ao Dr. Paulo Machado de Carvalho, proprietário da Rede de Emissoras Unidas, uma cadeia de rádio da qual faziam parte a Rádio Record, a Pan Americana, Rádio São Paulo, Rádio Guarujá, Rádio Paulista e a Rádio Bragança. A torre de transmissão foi erguida na propriedade do produtor rural Celestino Gonçalves, nos altos da Vila Abel. O estúdio funcionava no prédio onde hoje se encontra a loja Agropec Miack Produtos Agropecuários, na Rua Nove de Julho.

Apesar de ganhar concessão para funcionar já a partir de 1946, foi somente em 25 de janeiro de 1947 que a emissora iniciou oficialmente as suas transmissões.
O slogan inicial da Rádio Pirajuí foi “A Emissora da Capital do Café” e o seus primeiros programas chamaram-se: “Desfile T-6” e “Programa Social”. A rádio ficou pouco tempo na rua Nove de Julho, sendo que após alguns meses se mudou para o andar superior do antigo Bar Jacinto, na rua 13 de Maio. Mas com a venda desse prédio, que ocorreu alguns meses depois, a emissora passou a funcionar de maneira provisória na Sede Cristo-Rei.

Apesar de pertencer a uma rede de emissoras de rádios, a Rádio Pirajuí não recebia a devida atenção da diretoria. Diante dessa situação, no final da década de 1950, a Diocese de Lins, que sonhava ter uma emissora de rádio, deu autorização para que a  Paróquia São Sebastião de Pirajuí, comprasse a Rádio Pirajuí do grupo “Emissoras Unidas”.

 

Aquisição do prédio da 9 de Julho

A Paróquia de São Sebastião ficou com 70 por cento das ações e os outros 30 por cento foram adquiridos por quatro antigas famílias de Pirajuí. Nesta nova fase, a direção da emissora passou para o padre Francisco de Mira, que chegou em Pirajuí transferido da cidade de Alfenas, Minas Gerais; especialmente para dirigir a emissora. Mas no início dos anos 60, o Pe. Francisco de Mira, retornaria para Alfenas, e assim, a direção da Rádio Pirajuí passaria para o saudoso padre Gerardus Lambertus Scheepers, popularmente conhecido por “Padre Godofredo”, que assumiria a Paróquia de São Sebastião.
Após assumir  a direção da Rádio Pirajuí, Pe. Godofredo, tinha por objetivo  adquirir um sobrado localizado na Rua Nove de Julho, onde moravam algumas freiras que cuidavam dos pacientes que ficavam internados no antigo hospital da cidade - localizado ao lado do prédio - e também dos doentes do Externato “Santa Maria (hoje, o atual Colégio Fundamental Prevê). O citado hospital encontrava-se em péssimas condições de infra-estrutura, vindo a ser demolido, e o seu terreno foi loteado.

Preocupado com o lugar precário onde a Rádio Pirajuí estava, na Sede Cristo Rei, e também querendo que a emissora tivesse o seu próprio prédio, Pe. Godofredo foi conversar com o Bispo Diocesano de Lins, na época, Dom Pedro Paulo Koop, e este, concedeu à rádio, a doação do sobrado onde moravam as freiras.

Um programa que encantou toda uma geração

Enquanto ocorriam as reformas do prédio, sob a supervisão do engenheiro e arquiteto Basílio Bannwart, a Rádio Pirajuí saiu da Sede Cristo-Rei e passou a funcionar na Rua Rachid Cury, defronte à Igreja de São Sebastião. Hoje, o prédio não existe mais, tendo sido demolido, mas deixou saudades nos corações de muitas pessoas, pois foi naquele espaço que muitos “adultos de hoje – crianças de ontem” participaram direta ou indiretamente de um programa que se tornou um ícone na história da emissora: “As Mais Belas Histórias Para As Crianças”.
O programa apresentado por Maud Pires Arruda, a ‘Dona Maud’, reunia nos estúdios da emissora na rua Rachid Cury um grupo de crianças para ouvir por volta das 18H30min conhecidas histórias infantis. As crianças daquela época viajavam e sonhavam com um mundo mágico povoado por Robin Hood, Peter Pan, Branca de Neve e Os Sete Anões, Pinóchio, Alladim, Alli Baba, entre tantos outros personagens. Foi a época em que Sidney Barbosa Lima era o gerente da emissora. Sidney dirigiu verdadeiras “lendas” que entraram para a história da emissora evido ao seu talento e profissionalismo, entre os quais podemos destacar Carlinhos Franco, Bauer e a própria Dona Maud.

Ingressando na era das cartucheiras

Finalmente em 1974, após a conclusão das reformas do antigo prédio onde moravam as freiras, a Rádio Pirajuí se mudou para o novo endereço na rua Nove de Julho, 666.

Devido aos compromissos paroquiais do padre Goodofredo que não podia ficar o tempo todo na rádio e também com a saída de Sidney Barbosa Lima, que respondia pela gerência da empresa, optou-se pela contratação de uma outra pessoa para assumir o posto que ficou vago. Assim, foi convidado para a gerência o Sr. Francisco José Bannwart, o saudoso “Chiquito Bannwart”, que também deixou o seu nome escrito nos anais da Rádio Pirajuí.

Foi Chiquito que adquirou equipamentos considerados modernos para aquela época. A rádio entraria, assim, na era das cartucheiras TopMaster e dos gravadores de fitas magnéticas – os populares ‘gravadores de rolo’ - dispensando o uso das obsoletas fitas cassetes. Graças a essa modernização, a Rádio Pirajuí passaria a fazer parte do rol das estações de rádios AM melhores equipadas do interior do Estado, apesar da pouca potência: somente 250 watts.
Profissionais de ontem e de hoje

Na década de 70, surgiu uma nova geração de profissionais que substituiu à altura Sidney Barbosa Lima, Carlinhos Franco, Bauer, Dona Maud e outros pioneiros.
Faziam parte da geração dos anos 70 os comunicadores: Zé Bagunça, Piter Pereira, Carlos Roberto Moreira, Osires Neves, Walmir Donizete Moro, Faria Neto, Marisa e Jota Rodrigues. Esta geração de novos talentos do rádio foi responsável por programas como: “Rádio Notícias”, “Programa Popular”, “CRM Comunicação” e “Festa na Roça”.

E então, vieram os anos 80 com novos profissionais. A geração dessa época também deu a sua contribuição para o crescimento da Rádio Pirajuí.

Nos anos 80, a crise política e econômica atingiria um grande número de empresas.

O diretor da emissora em 1985, padre Agenor Possas e o gerente, Faustino Bannwart, com muito esforço conseguiram driblar a crise econômica e a rádio sobreviveu à tempestade.
Na década de 80, talvez devido a esta crise, surgiram poucos nomes e a geração de 70 continuou a predominar com algumas exceções, entre as quais: José Antônio Moreira que teria sua primeira chance na emissora em 1977, ainda adolescente, e onde permanece até hoje; Jango Weltman, que teve uma passagem rápida, mas marcante na rádio, Sueli Barbi e José Wilson Martins. Aliás, José Wilson ainda continua apresentando programas na emissora.
Anos produtivos

Os anos 90 foram um dos mais produtivos para a emissora. O responsável por esta nova era foi o Pe. José Eraldo Germano da Silva, popularmente conhecido por “Padre Eraldo”. Apesar de adotar uma direção centralizadora, ele revolucionou os padrões da rádio, investindo recursos na sua modernização. Foi durante a sua gestão que a Rádio Pirajuí abandonou definitivamente as cartucheiras e os discos de vinil, ingressando na era dos MDs e aparelhos de CDs, considerados tecnologia de ponta naquela época. Como não bastassem essas mudanças de impacto, ele decidiu comprar uma moderna mesa de som que viria substituir o obsoleto equipamento adquirido nos primórdios da rádio, além de adquirir os primeiros computadores de mesa, os Desktops.

Nessa época, novos funcionários vieram fazer parte da família da Clube, entre eles Maria Lúcia e Tchesco. Dos dois, apenas Maria Lúcia continuou na emissora onde está até hoje.
Queda da torre

Na década de 90, a emissora experimentava um de seus melhores momentos e tudo transcorria dentro na normalidade. A emissora havia saído da crise, conquistado novos anunciantes, estava com uma programação que agradava todas as faixas etárias, equipamentos ultra-modernos para aquela época; enfim, tudo parecia perfeito. Mas o destino acabou reservando aquele que seria o maior golpe sofrido pela empresa ao longo de toda a sua história. Um golpe que por muito pouco não decretou o fechamento da nossa querida emissora.
Em meados dos anos 90, um forte vendaval provocou estragos inimagináveis no município e a Rádio Pirajuí também foi uma das vitimas. Após o temporal, a direção recebeu um telefonema de que a torre de transmissão da emissora, localizada nos altos da Vila Ortiz não tinha resistido aos fortes ventos e Acabou caindo.
A cena foi chocante, pois ali, no chão toda quebrada e retorcida, não estava somente uma torre metálica, mas quatro décadas de história, praticamente uma vida de alegrias, tristezas, lutas e conquistas. Uma vida que só não morreu devido a luta, fé, bravura e persistência do Pe. Eraldo e de todos os funcionários.
A frase que marcou aquele terrível incidente usada pelo diretor da emissora foi a seguinte: “Não vamos desanimar, porque eu tenho certeza de que uma nova fase, muito mais positiva estará surgindo a partir de agora”.

Superação: novo transmissor, nova torre e nova frequência

Poucos dias após a queda da torre, a Rádio Pirajuí já estava novamente no ar, graças a um precário sistema de transmissão, composto por dois postes de madeira, um fio e uma antena caseira simples. O seu sinal era captado somente no centro da cidade e muito mal nos bairros, mas o importante foi que a emissora não morreu; lutou com todos os seus recursos disponíveis e sobreviveu.
A queda da torre serviu como um estímulo para que a Rádio Pirajuí iniciasse uma nova fase em sua vida, como uma Fênix que ressurge das cinzas muito mais bonita e forte do que anteriormente, inteiramente renovada para uma nova vida.
Decorridos poucos meses após o terrível acidente, a Rádio Pirajuí já havia adquirido um novo transmissor e uma moderna torre de retransmissão; além de um terreno maior localizado nos altos do bairro Nova Pirajuí, sem contar um novo sistema irradiante. E isto não foi tudo: a emissora aproveitou a aquisição dos novos equipamentos para também aumentar a sua potência, passando dos 250 para 1.000 watts. Esta alteração fez com que o sinal da rádio atingisse outras cidades da região.

Com a mudança de frequência obrigatória, devido ao aumento de potência, saiu os 620 KHZ e chegou os 1260 KHz.  Dessa forma, a nossa emissora  ganmhou o status de rádio regional e passou a se chamar “Pirajuí Rádio Clube”

Nesta nova fase, a emissora adotou uma programação eclética e passou a funcionar 24 horas.
Era digital e um novo jornalismo

A Pirajuí Rádio Clube continuou com o seu expansionismo, agora, tendo à frente um outro padre: Valdecir da Silva Gódi, o “Padre Valdecir”.  Foi em sua gestão que a emissora entrou, definitivamente, na era da informática. Os MiniDiscs, popularmente conhecidos naquela época por MD’s, foram embora e cederam espaço para os modernos computadores ligados em rede gerando uma programação totalmente digital. Outras conquistas nesta época foram os microfones profissionais utilizados pelas grandes emissoras de rádio.

Foi durante a sua direção que a Pirajuí Rádio Clube implantou o projeto de evangelização através da música chamado Evangeliza-Show e que durou por mais de 10 anos. Outra grande conquista foi a implantação de um departamento de jornalismo que trabalhasse dentro de um esquema profissional. Jornalismo, hoje, ouvido não só na região, mas ainda em várias partes do país já que é transmitido, também, por via streaming.
Destaque para a evangelização

Ao ser transferido para uma outra paróquia da Diocese de Lins, o Pe. Valdecir cedeu a direção da Pirajuí Rádio Clube ao Pe. Aparecido Cândido, carinhosamente chamado de “Padre Cido”. Ele optou por manter uma direção descentralizadora com a manutenção dos departamentos de Jornalismo, Programação, Comercial e Financeiro. Foi também com o “Padre Cido” que a emissora assumiu a sua postura evangelizadora dedicando uma boa parte de sua programação para a evangelização.

Em sua gestão, a rádio começou a transmitir os programas “Momento de Fé”, com o Pe. Marcelo Rossi; “Experiência de Deus”, com o Pe. Reginaldo Manzotti; “Amigos pela Fé”, com Maria Lúcia; “Terço da Divina Misericórdia”, com Regina Wicher e a retransmissão de “A Igreja no Rádio”, gerado pela Rede Milíca Sat. Estes programas abriram espaço para outros, como os ‘programetes’: “Caminhando com Maria” e “Despertai para o Amor”, apresentados, respectivamente, por Aldari Fazion e o Pe. Ezequiel Dal Pozzo.

Sistema de consultoria

Foi ainda com o “Padre Cido” que surgiu a idéia da Pirajuí Rádio Clube trabalhar em sistema de consultoria, seguindo a tendência das grandes empresas do ramo de comunicação. Dessa maneira, Francisco Souza, popularmente conhecido por “Kiko” assumiu o cargo de consultor.
O primeiro benefício gerado por esse novo estilo de gerência foi a implantação de um projeto voltado para a evangelização com ação social. Nascia assim, “Os Amigos pela Fé”.

Migração de AM para FM

Coube ao Pe. Mauro Sirico dos Santos que assumiu a direção da Pirajuí Rádio, há aproximadamente 10 anos, dar um dos passos mais importantes na história da emissora: a sua migração de AM para FM.

Foi o Pe. Mauro quem capitalizou recursos para essa mudança histórica e tão sonhada da rádio. Considerado um administrador competente, ele angariou recursos necessários para a compra de novos equipamentos e pagamentos de taxas obrigatórias.

Com a migração, a frequência da emissora mudou pela terceira vez, saindo o 1.260 KHz do AM e entrando em seu lugar, o 90.1 MHz do FM.

No dia 27 de novembro de 2020, Dia de Nossa Senhora das Graças, exatamente as 17 horas, a Clube entraria no ar fazendo a sua primeira transmissão oficial em Frequência Modulada utilizando o seu novo prefixo 90.1.

Equipamentos modernos

A nova direção adquiriu equipamentos de ultima geração nesta transição de AM para FM. Uma antena de dois elementos, mesa de som com 12 canais, transmissor da Broadcast com processamento totalmente digital, novos computadores, link aéreo e um moderno processador de áudio refletem diretamente na qualidade do som, possibilitando uma transmissão estéreo de altíssima qualidade.

Novo prédio

Foi ainda durante a gestão do Pe. Mauro que a Clube deixou o primeiro andar do tradicional sobradinho da rua 9 de Julho e se transferiu para o térreo do mesmo prédio.

A mudança que aconteceu em 2024, trouxe muitas vantagens, pois a nova área foi inteiramente readaptada para receber a rádio. Os estúdios ganharam revestimento com espuma acústica, além de novas instalações elétricas.

A melhora da acessibilidade ao prédio foi outro ponto importante da mudança. Agora, funcionários e visitantes não precisam mais encarar a escada de aproximadamente 10 degraus que liga o térreo ao sobrado.

Tai; você ficou conhecendo a história da Pirajuí Rádio Clube; a nossa querida 90.1.